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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

NÚMEROS DO SANEAMENTO

A concentração de pessoas em pequenas áreas - 85% dos brasileiros estão na cidade e, destes, 31% nas metrópoles - como acontece no país, causa problemas muito conhecidos, como o trânsito caótico e aumento da violência. Mas uma das vantagens dessa distribuição seria o tratamento de esgoto adequado, por proporcionar economia de escala, de escopo e de rede.

Essa é a opinião do professor Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV – Fundação Getúlio Vargas e coordenador do estudo que analisou a oferta e a qualidade desse serviço em nível nacional, Trata Brasil: Impactos Sociais na falta de Saneamento nas maiores cidades brasileiras. “Devia ser relativamente barato ofertar esgoto nessas condições, mas estamos vivendo no século 21, como se estivéssemos no século 19”.

Na realidade, a prestação do serviço não é satisfatória. Dados da pesquisa, que analisou o saneamento nas 79 maiores cidades do país de 2003 a 2007, mostram que a taxa de cobertura de rede geral de esgoto do país é de 49,44%. Nas escolas, a situação é ainda pior: o índice é de 39,27%, de acordo com dados de 2007 do Censo Escolar, variando entre os 9,24% de Porto Velho, em Rondônia, aos 100% de Franca e de Santos, em São Paulo.

A pesquisa indica também que o principal motivo de falta escolar, cerca de 70%, em todas as faixas etárias, são as doenças. Muitas delas têm sua origem na falta de saneamento. Outro dado que afeta diretamente as crianças aponta que a chance de uma criança entre zero e seis anos morrer é 22% (número estatisticamente alto) maior nas residências onde não há cobertura de esgoto. Os meninos correm ainda mais riscos por ficarem mais expostos do que as meninas, culturalmente mais induzidas a ficar dentro de casa.

Por isso, o estudo defende que, assim como há políticas de provisão de merenda escolar, é preciso que haja uma espécie de “bolsa saneamento”, que funcionaria como uma estratégia para aliviar os impactos na saúde.

A performance econômica e a renda familiar também são afetados por esse problema. Quem não tem acesso a esse item tem chance 12% maior de se ausentar no trabalho.

“Para cada um real investido em saneamento, economizamos quatro reais no gasto com saúde pública”, diz Neri. Outro dado apresentado informa que a diferença de estatura entre quem tem acesso ao saneamento básico nos primeiros anos de vida e quem não tem é de dois centímetros, um reflexo da desnutrição infantil proveniente de enfermidades causadas pela falta de tratamento de esgoto

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